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Mensagem Pastor Luis Henrique Sievers - 01/02/2013

 Encurvado sobre si mesmo

“O que eu ganho com isso?” Essa é uma pergunta que se ouve com frequência. De tão comum, nem nos damos conta de que ela revela uma filosofia de vida. Há muitos anos, a “Lei de Gerson”, “levar vantagem em tudo”, estava estampada nas telinhas como propaganda de cigarro. A vida só faz sentido se “eu”, primeira pessoa do singular, puder tirar algum proveito, alguma vantagem. Esse estilo de vida tem orientado as ações de muitas pessoas nas suas relações familiares, no trabalho, nas amizades e, inclusive, na Igreja, na Comunidade.

É claro que o “eu”, enquanto indivíduo, é importante. Não pode ser esquecido. Mas, ao mesmo tempo, temos que tomar cuidado para que não haja uma supervalorização dos interesses pessoais. O individualismo nos afasta uns dos outros. Impede uma boa convivência. Leva para o isolamento e a solidão. Ficamos intolerantes a divergências. E é uma das causas de tantos conflitos e mortes banais, que povoam os noticiários.

O individualismo cultiva um ser humano “encurvado sobre si mesmo”. Passamos nove meses na posição fetal, olhando para o nosso próprio umbigo. Quando nascemos, temos uma imensa dificuldade de sair dessa posição. Existem pessoas que passam a vida toda encurvadas sobre si mesmas. Não conseguem erguer a cabeça, enxergar os outros e o mundo ao seu redor. Do começo ao fim dessa vida choram e lamentam. Nunca estão contentes. Só param quando seus desejos são atendidos, quando recebem a chupeta. Nunca se tornam adultos. Não conseguem ver que há um “tu”, um “ele”, um “nós”, um “vós” e um “eles”. É nessa relação que a vida faz sentido: na comunhão com os outros.

Segundo Martim Lutero, na base do pecado e das barbaridades, está um ser humano “encurvado sobre si mesmo” (latim: “incurvatio hominis in se ipsum”). Nessa posição egoísta ele só pode amar a si mesmo. Sua visão é estreita, limitada. Impede a comunhão com Deus e o próximo. Encurvado sobre si, o ser humano não tira um centavo do bolso sem se perguntar: “O que eu ganho com isso”? Só dá se receber algo em troca.

O ser humano se torna realmente adulto quando é capaz de erguer a sua cabeça e perceber que a sua vida é feita de relações com os outros. Mesmo que eu não tenha uma vantagem direta, outros estarão sendo beneficiados pelo meu gesto de amor. Em termos cristãos, o ser humano só poderá amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mateus 22.34-40) quando for capaz de libertar-se do egoísmo.

É missão da Igreja de Jesus Cristo ajudar as pessoas a se erguerem da posição fetal. A levantarem os olhos e verem além do próprio umbigo. A enxergar o próximo e a Deus. A presença desse Espírito Santo de Deus promove comunhão. Vence o individualismo, o egoísmo. Motiva para viver em Comunidade. Prepara o cidadão para viver em sociedade.

P. Luis Henrique Sievers

Pastorado Escolar CSGA